Perfis / Sistemas de Esquadrias

Com o advento das esquadrias de alumínio no país, há mais de 40 anos, ficou consolidada a cultura entre os profissionais da construção civil de identificar e, até mesmo, especificar portas e janelas de alumínio pela bitola do perfil. Além disso, o tempo passou e a tecnologia evoluiu. A partir de meados da década de 80 surgiram os sistemas de esquadrias, solução abrangente que vai do projeto aos componentes, e inclui a co-responsabilidade dos sistemistas em relação ao produto final fabricado pela indústria.

A chamada “linha” é um conjunto de perfis de alumínio oferecido aos fabricantes de esquadrias. Cabe a eles decidir todos os detalhes, como usinagens, encaixes, acabamento e componentes. No desenvolvimento da linha, o projeto se restringiu a uma quantidade suficiente de perfis e uma combinação entre eles, para produzir uma determinada tipologia, incluindo janela ou uma porta básica, sem pensar muito em produto acabado. Neste caso, é o fabricante do caixilho quem assume toda a responsabilidade pelo produto final.

Assim como a linha, o sistema de esquadrias também é desenvolvido a partir de um projeto. No entanto, vai muito além, pois antes é definida a tipologia que se pretende alcançar, com projeto executivo que envolve todas as configurações dos perfis que serão usados para produzir as esquadrias. Ou seja, o fabricante vai fabricar seu produto atendendo rigorosamente tudo o que foi pré-determinado. É o fim das improvisações das usinagens porque as ferramentas para a execução foram estabelecidas anteriormente. Os sistemas abrangem desde as esquadrias entre vãos residenciais e comerciais, até fachadas cortinas, mas sempre a partir do segmento de produtos de médio padrão.

Todos os componentes da esquadria, como braços, fechos e roldanas, são projetados em conjunto com o sistema, quando também são criados os canais e as folgas. Até mesmo os acordos comerciais de fornecimento dos acessórios são firmados antecipadamente. As esquadrias das mais variadas tipologias fabricadas a partir de um sistema contam, inclusive, com uma forte co-responsabilidade do sistemista. E, por serem mais atuais, normalmente são submetidos a ensaios e obedecem aos critérios das normas técnicas da ABNT. Em decorrência da co-gestão do Programa Setorial da Qualidade das Esquadrias de Alumínio (PSQ), os fabricantes de caixilhos especiais que utilizam sistemas homologados, participam do programa para a obtenção da qualificação de seus produtos.

Os sistemistas – denominação genérica para as empresas que desenvolvem os sistemas de esquadrias – podem ser extrusoras de alumínio, empresas especializadas na criação dos projetos, ou, ainda, uma única ou um “pool” de indústrias fabricantes que criam o sistema e credenciam terceiros para seu uso. Mas, nem sempre atrás de um sistemista existe uma extrusora.

Linhas, bitolas e sistemas

Ao contrário do que muitos pensam, a bitola do perfil não é a visão que se tem frontalmente, mas a sua vista transversal (veja detalhe).

Detalhe linha

É possível ter bitolas diferentes em cada seção de uso, para que a esquadria suporte os esforços da pressão de ventos. É sabido que as portas e janelas de alumínio, voltadas para o segmento popular, utilizam perfis com bitolas de menor espessura. Nesse padrão, a construção civil prepara vãos reduzidos e que pedem caixilhos pequenos, em geral com 1,20 m x 1,20 m, e vidros de baixa espessura. Ainda assim, é possível produzir um caixilho que atenda as normas técnicas e tenha qualidade, pois tudo dependerá do projeto. No segmento de obras de alto padrão, com amplos vãos, as esquadrias têm bitolas reforçadas. Diante da bitola maior devido aos esforços de vento ou, até mesmo, devido aos esforços de uso, é possível propor o emprego de vidros duplos insulados que chegam a incorporar persianas entre vidros.

O surgimento dos sistemas viabilizou o desenvolvimento do mercado porque a qualificação das esquadrias exige, também, fabricantes melhor preparados. Por outro lado, como os sistemas se caracterizam pela elaboração prévia, é possível que mesmo uma indústria com algum nível técnico consiga produzir uma boa janela. Solução completa, os sistemas respondem, hoje, por cerca de 60% dos caixilhos produzidos no país. O restante fica por conta das linhas de perfis, principalmente nos mercados secundários. Até porque, o fabricante precisa investir numa parceria com o sistemista ou adquirir o ferramental de usinagem. Alguns sistemistas chegam a cobrar luvas, catálogo e toda a informação técnica. Os valores se justificam pelo elevado custo para o desenvolvimento de um sistema. Primeiro passa por projetistas muito experientes, tempo do projeto, ferramentais de extrusão, ferramentais de usinagem, dispositivos, componentes, protótipos e testes. Depois, vêm os materiais de comunicação envolvendo, inclusive, catálogos técnicos, treinamento e, novamente, capital para disponibilidade de estoques. Ou seja, há muito mais no mundo das esquadrias do que as linhas de perfis e suas bitolas.